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Gazeta Paços de Ferreira

08/06/2023, 0:00 h

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Escola: uma instituição no meio de muitas forças

Educação

EDUCAÇÃO

Há muito cansaço no corpo docente por todo o trabalho paralelo que é necessário fazer e que pouco ou nada tem a ver com o ensino.

 

Muita gente não entende porque hoje está tudo esgotado dentro das escolas. E, compreendo, que para a maioria não seja fácil entender, talvez só trabalhando lá algum tempo.

 

Missão principal da escola: ensinar

 

O principal problema que se coloca na questão do ensino, são os programas extensos e abstratos, desadequados à faixa etária das crianças. Muitos dos conteúdos exigem maturidade e compreensão global que os discentes não têm. Falta também tempo para consolidar os conteúdos.

Do ponto de vista dos alunos, alguns temas são pouco interessantes e, num mundo em que os estímulos exteriores são bastante mais atrativos, as temáticas escolares nem sempre lhes despertam interesse.

No ponto de vista dos professores, é fundamental criar aulas mais atrativas e diversificadas e isso exige muito tempo que não existe. O tempo fora da sala de aula é gasto em reuniões, relatórios, plataformas...respostas a pais e a toda uma panóplia de instituições que abordam a escola e "exigem"respostas. Já abordei esta questão anteriormente, e não  há um dia útil normal em que um professor não receba meia dúzia de emails. Ah...e no fim de semana também não há descanso.

Há muito cansaço no corpo docente por todo o trabalho paralelo que é necessário fazer e que pouco ou nada tem a ver com o ensino.

 

A escola e as parcerias

 

A instituição Escola não é uma ilha: vive rodeada por entidades parceiras. Essas entidades parceiras existem para colaborar com a Escola no sentido de melhorar o serviço educativo.

Mas, quando se fala em parceiras, fala-se em colaboração. Mas, a colaboração às vezes acaba por colocar a Escola no meio de um campo de forças que nem sempre é fácil gerir. Ou se tem muito bem desenhado o caminho a seguir, ou corre-se o risco de se perder a essência e a missão da Escola.

Ora, temos os pais e as Associações de Pais como parceiras. Aliás, os pais devem sempre ser os principais parceiros das escola. Qual a função dos Pais? Colaborar com os professores e a escola no acompanhamento do processo educativo dos seus educandos. Participar, em articulação com a Escola, nas atividades desenvolvidas no Plano Anual de Atividades. Qual a função, por exemplo, das Associações de Pais?

De um modo geral, tem as mesmas funções que os pais em geral, e acrescenta-lhe ainda a função de  procurarem incentivar a participação dos outros pais e de uma articulação mais direta com os orgãos de direção, transmitindo a opinião dos outros pais, pois não é funcional reunir com todos.

Outros parceiros fundamentais: Juntas de Freguesia e Câmara Municipal.

São instituições que têm delegadas competências que outrora eram do Ministério da Educação. São competências várias, mas não de direção.

 

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A escola no meio de um campo de forças

 

O porquê deste artigo? Senti necessidade de esclarecer alguns aspetos que têm o dom de me irritar (quem me conhece sabe o que isso é ).

As Escolas têm um projeto Educativo em que estão explanadas as problemáticas do Agrupamento. É em função disso que tem que se trabalhar. Cada Agrupamento tem um Diretor que presta contas apenas ao Conselho Geral ou à tutela. As escolas têm coordenadores que respondem ao Diretor.

Não podem as Escolas/Agrupamentos andar à deriva baseados nos gostos e preferências de toda uma panóplia de parceiros que temos. Todos esses parceiros podem e devem sugerir, mas não decidem o que a Escola faz. Noutro dia, numa conversa, percebi que há quem pense que mete os pés a caminho e vai à Câmara e é lá que se decide o que a Escola vai fazer. E era!!! Tive que explicar, novamente, que a Câmara não manda nas Escolas. Nem Câmara, nem Juntas, nem Associações de Pais! São parceiras, mas não têm planos de atividades próprios, independentes da Escola. Colaboram com a mesma, mas não "obrigam".

Percebem quanto estas situações desgastam? Cansam? Pois...Se calhar este "medir" de forças constante também vai tirando o gosto a quem vê a Escola não como palco, mas como essência.

Eu trabalho há 25 anos; a Escola é a minha segunda casa; já passaram várias "cores políticas" pela gestão autárquica, já passaram vários Encarregados de Educação, mas eu continuo na minha segunda casa. E gostaria de a continuar a ver como tal, pois o caminho a percorrer ainda é longo.

 

Rosário Rocha

 

 

 

 

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