27/09/2024, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO - EDUCAÇÃO
Desafio para as escolas
Mais do que olharmos logo para a situação como um problema, devemos dar tempo para nos apropriarmos da real situação de quem chega. E, principalmente porque também somos um país de emigrantes, devemos pensar: se tivesse uma grande contrariedade na vida e tivesse que emigrar com os meus filhos, como gostaria que estes fossem tratados?
Os nossos filhos são os nossos tesouros, seres únicos e para quem queremos e quase exigimos o melhor. Então, trata-se de empatia e de nos colocarmos no lugar do outro… E, por isso, acho que quando nos chegam alunos de outros países ou culturas, devemos olhar para tal como uma oportunidade de, em contexto real, trabalharmos valores de cidadania tão importantes como a empatia, interajuda, solidariedade… Ah! E a tal inclusão, palavra que está na ordem do dia das escolas mas que ainda tem um caminho para ser verdadeiramente implementada, mas mais à frente lá voltarei.
Quanto aos alunos “estrangeiros” que normalmente revelam menos conhecimentos, demos-lhes tempo para fazerem o seu percurso, para adquirirem o que noutro sistema não tiveram acesso.
É fácil? Não, não é, até porque cada aluno dos que já está na turma é um ser individual, e ali temos mais um com quem temos que trabalhar a área académica, mas também fazer o processo de adaptação a todo um mundo novo, muitas vezes carente de laços familiares e de amizade.
A diversidade nas turmas
Cada vez mais se refere como problema das turmas a heterogeneidade dos alunos. De facto, nenhum aluno é igual e é necessário trabalhar em função das diferenças de cada um. Além dos alunos de outras nacionalidades, dentro de cada grupo/turma há cada vez mais alunos com necessidades educativas especiais. E são necessidades das mais diversas ordens: sejam físicas, psicológicas, cognitivas…
Partilho convosco o que vamos falando entre a comunidade escolar. Nos últimos anos têm surgido problemáticas acentuadas nas crianças que integram o sistema de educação e ensino. Tem aumentado bastante o número de crianças com necessidades educativas especiais ou com outras problemáticas que não lhes permitem enquadrar-se na designação anterior. Neste caso refiro-me, por exemplo, às crianças diabéticas. Na minha escola temos 3 e sei bem dos cuidados e atenção que necessitam. Mas o que tem surgido também em número bastante significativo são crianças com Transtorno do Espectro Autista. Há quem considere que este aumento está ligado ao diagnóstico mais eficaz. Eu não sei se será…acho mesmo que seria importante perceber se há uma outra causa subjacente a este aumento do número de casos.
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Inclusão
Confirmadas as diferenças e dificuldades de cada criança, é necessário verificar as suas necessidades e procurar satisfazê-las. A verdadeira inclusão deve permitir que as crianças, independentemente das suas características (estrangeiras, com necessidades educativas especiais…), desenvolvam as suas capacidades na interação com a restante comunidade, nomeadamente os colegas da turma. Inclusão não é retirá-las do espaço onde é suposto eles estarem, para trabalhar as competências que necessitam. Fazê-lo na idade escolar, é dar a indicação de que o mesmo se pode fazer na Sociedade em geral.
Esta semana numa sala de jardim-de-infância uma pequenita chamava-me à atenção para um coleguinha novo que tinha menos dedos que o normal. De facto há crianças diferentes, se bem que o “normal” cada vez é mais diverso. E é isso que eu quero referir: é necessário trabalhar a educação para a diversidade e podemos e devemos fazê-lo em contexto real. As crianças são facilmente adaptáveis e se trabalharem esses valores desde pequenitas serão adultos bem mais sensíveis, mais tolerantes e que melhor aceitarão o outro, como ser diferente.
Sei como é difícil atender aos vários casos existentes nas turmas, conseguir chegar a todos. Mas o desafio é mesmo procurarmos fazer o máximo por cada um e potenciar as capacidades de cada ser. Se fosse fácil, não seria desafiante…mas o sentido de missão dos docentes é o que faz esta profissão ser motivante, diferente e compensadora a nível pessoal…
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