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Gazeta Paços de Ferreira

07/06/2025, 11:05 h

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Eleições Legislativas: Um Quadro Político Sombrio e a Resistência Necessária

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"O quadro institucional que emerge (com uma maioria parlamentar de PSD, CDS, Chega e IL, representando mais de dois terços dos deputados), independentemente dos arranjos futuros, comporta riscos graves: a intensificação de uma agenda retrógrada, neoliberal e anti-social, e o ataque aos direitos, liberdades democráticas e à Constituição."

Por Duarte Dias (Dirigente da Sub-Região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega do Partido Comunista Português)

 

Os resultados das eleições de 18 de Maio configuram uma evolução negativa do quadro político nacional. O crescimento da AD, do Chega e da IL, contrasta com um resultado da CDU que, embora reflita uma resistência notável num contexto exigente, não espelha a expressão de apoio demonstrada na campanha nem a resposta exigida pela gravidade da situação do País. Os 180.943 votos (3,03%) e três deputados da CDU enfrentaram fatores objetivos e subjetivos pesados: a promoção dominante de concepções retrógradas e reaccionárias, a exacerbação do individualismo, a banalização da demagogia, o preconceito anticomunista e a sistemática ocultação da política alternativa. Apesar desta barreira ideológica, a CDU afirmou-se como força de coragem, seriedade e confiança na luta pelos trabalhadores, pelo povo e pela juventude.

 

A vitória da AD assentou na instrumentalização da ideia de "estabilidade governativa" (uma ironia perante a instabilidade diária que a sua política inflige à vida das pessoas), no abuso de um Governo em gestão e na utilização do aparelho do Estado. O avanço do Chega é inseparável da ação do capital ao serviço de valores reaccionários e antidemocráticos, alimentado por meios financeiros e mediáticos que fomentam a mentira, a manipulação e o ódio. A quebra do PS resulta da sua ausência de alternativas à política da AD, do seu comprometimento com o Governo PSD/CDS e da admissão da viabilização de um futuro executivo de direita.

 

O quadro institucional que emerge (com uma maioria parlamentar de PSD, CDS, Chega e IL, representando mais de dois terços dos deputados), independentemente dos arranjos futuros, comporta riscos graves: a intensificação de uma agenda retrógrada, neoliberal e anti-social, e o ataque aos direitos, liberdades democráticas e à Constituição. Perante isto, não é tempo de conformação ou entendimento com a direita, mas de combate frontal à política de baixos salários e pensões, ao ataque aos direitos laborais e aos serviços públicos, à negação do direito à habitação, às privatizações e à submissão nacional.

 

 

 

 

A vida não parou durante a campanha. A decisão do Governo PSD/CDS e do PS de amarrar o País à escalada armamentista (usando a cláusula de salvaguarda do Pacto de Estabilidade para promover a guerra em nome dos lucros da indústria bélica), o "apagão" que expôs vulnerabilidades energéticas e submissão a grupos económicos, o ataque à contratação coletiva dos ferroviários e o favorecimento das máfias do tráfico humano são exemplos de uma realidade brutal. O País sofre com a concentração obscena da riqueza, salários de miséria, domínio estrangeiro em sectores estratégicos, défices estruturais e degradação dos serviços públicos, da saúde à educação. A habitação tornou-se instrumento de especulação, a pobreza alastra, e a manipulação ideológica corrói a democracia.

 

Perante isto, a resposta só pode ser a luta. Luta que exige coragem e determinação para afirmar a ruptura e a alternativa patriótica e de esquerda que o PCP e a CDU representam. Uma política que confronte o grande capital, recuse a submissão à UE e à NATO, defenda a soberania, cumpra a Constituição e os valores de Abril, e dê resposta aos problemas reais do povo. O papel dos trabalhadores e do povo, unidos na ação, é decisivo. A CDU e os seus deputados serão trincheira indispensável neste combate.

 

 

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