15/02/2025, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Militante do Livre)
Se o furto das malas de Miguel Arruda foi conteúdo de ouro para muitos comediantes, os casos de condução com 2,25 g/l de um deputado açoriano e de prostituição de menores de Nuno Pardal impactaram os portugueses. Mas o Chega não foi o único partido com acusações nestas semanas. O Bloco de Esquerda viu casos antigos reaparecerem recentemente. Isto deixa uma pergunta: como é que vários casos (alguns com anos) se tornaram públicos na mesma semana da acusação formal do caso Tutti Frutti?
Um dos partidos mais vocais contra a criminalidade viu, em Miguel Arruda, um ataque interno inesperado. Mas o pior acabou por vir mais tarde, com Nuno Pardal e José Paulo Sousa. No mesmo dia, passa a ser do conhecimento público que o deputado açoriano conduzia com 2,25 g/l de alcool no sangue e que o deputado municipal lisbonense e dirigente praticara prostituição de rapazes menores em 2023. Nuno Pardal que, no mesmo ano, tinha sido viral com um discurso na Câmara Municipal de Lisboa no qual pedia castração química a condenados por pedofilia, enquanto praticava a mesma.
A verdade é que André Ventura sempre conseguiu dar a volta a habituais polémicas no partido, dando a imagem de ter punho forte perante estes casos e apresentando-se como um líder inequívoco e seguro. No entanto, o seu castelo começa a estremecer quando todas as pessoas escolhidas para cargos à sua volta se apresentam, mais tarde, como apenas hipócritas que aproveitam o crescimento do Chega em Portugal. Se no passado Ventura podia defender-se dizendo que casos isolados não representam o seu partido, esta acumulação de polémicas impede-o de poder usar a mesma rota.
A surpresa dos últimos tempos não foi, infelizmente, mais um ou dois casos hipócritas no Chega, mas sim o timing dos mesmos. A acusação do processo Tutti Frutti apresenta um total de 60 arguidos, dos quais fazem parte diversos membros do PSD e PS. Com um mega processo que iniciou em 2015, seria de esperar que não se falasse de mais nada com a publicação da acusação. Em vez disso, aparecem ao mesmo tempo casos com mais de um ano relacionados com o CH e BE virando o foco que estaria no partido do governo. Numa altura em que se anunciam candidatos autárquicos, a informação das pessoas e respetivas câmaras afetadas pelo processo ficam ofuscadas por escândalos “datados”, terminando com o partido antissistema a ir de mal a pior.
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