06/04/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por Ricardo Jorge Neto
OPINIÃO
Um dia, um príncipe chinês chamou o seu pintor para lhe perguntar: o que era mais difícil de pintar? Cães e cavalos - respondeu o pintor.
Intrigado o príncipe, questionou: e o mais fácil? Fantasmas e monstros…
De seguida, o pintor explicou que os cães e os cavalos são algo que todos conhecem, e assim pintá-los, para que todos entendam a sua essência é algo difícil e exigente.
Com os monstros e os fantasmas, tudo se torna mais fácil, como nunca ninguém os viu, a sua aparência é indefinida, e assim qualquer concepção imaginária será temida e aceite por todos!
Nestas eleições que passaram, tivemos vários ‘pintores’, e o que mais facilmente garantiu o êxito foi, precisamente, aquele que usou a tela mediática para pintar fantasmas e monstros.
Nessa tela populista pintada com a mão direita, Portugal é um país miserável, acabado de ser invadido por imigrantes que espalham o terror por todas as cidades, e ninguém se sente seguro.
No outro canto da tela, estão os pobres vivendo de subsídios milionários, passeando nos mais recentes produtos da indústria automóvel.
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Ao centro da tela, os portugueses de bem, que saúdam a bandeira com o braço direito levantado, clamando por justiça contra o 25 de Abril, o dia em que socialistas e comunistas tornaram este país numa ditadura…
A obra final saiu tão bem, que esgotou nas redes sociais… e nem Hieronymus Bosch conseguira tanto êxito com uma pintura tão tenebrosa e mentirosa!
Contudo, a realidade é outra, e pintá-la é como pintar cães! Não é fácil caracteriza-la, e nem todos vão entender a perspectiva de cada um, mas existem aspectos que são inconfundíveis, e ninguém pode negar. O único ajuste de contas a fazer com o 25 de Abril, possível de fazer, é não esquecê-lo!
É necessário lembrar aos jovens, que a idade do ouro que a extrema-direita fala com saudade, é o tempo em que os jovens eram enviados para África para matarem e serem mortos, numa guerra que não fazia sentido, e que fazia de Portugal um país isolado na comunidade internacional.
É necessário lembrar a quem emigrou por causa do glorioso e admirável Estado Novo, que ao chegarem ao país estrangeiro, muitos deles foram vítimas de perseguição, e viviam em condições miseráveis, mas nunca foram criminosos, eram como hoje, apenas pessoas à procura de melhores condições de vida!
Portugal em 50 anos de democracia deu um salto civilizacional enorme, negá-lo é apenas fechar os olhos e desejar os fantasmas desse pintor!
Existem problemas na saúde, na educação, na habitação e noutros sectores, mas não é comparável com a miséria, e com a castração total de direitos do tempo do fantasma de Santa Comba Dão!
Em pequeno diziam-me para ter cuidado com o que desejava, por isso deixo o mesmo conselho a todos: cuidado com os fantasmas que desejam.
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