Por
Gazeta Paços de Ferreira

13/05/2023, 0:00 h

1866

A minha mãe é linda

Destaque Opinião

OPINIÃO

A morte levara-lhe o marido, e a doença levara-lhe a beleza. Mas Mary, não se resignou, e o amor pelos seus filhos fê-la lutar.

Ricardo Jorge Neto

 

 

 

A minha mãe é linda

No início do século XX, vivia em Londres, uma jovem chamada Mary Ann. Uma jovem normal com sonhos e expectativas, como qualquer outra jovem.

Um dia conheceu um homem chamado Thomas Bevan, apaixonaram-se e casaram. Fruto desta união, nasceram dois meninos e duas meninas, e tudo corria bem na família Bevan.

Um dia, o destino quis transformar a vida simples desta família, numa verdadeira tragédia. Inesperadamente, Thomas morreu subitamente, e Mary ficou sozinha com 4 crianças para criar, sem forma de sustento. A juntar a tudo isto, a bela Mary começou a ter sintomas duma rara doença chamada acromegalia. Esta doença tem origem na produção excessiva de hormonas de crescimento em adulto, e manifesta-se com o crescimento desproporcional certas partes do corpo, como mãos, pés, mandibulas e outras.

A morte levara-lhe o marido, e a doença levara-lhe a beleza. Mas Mary, não se resignou, e o amor pelos seus filhos fê-la lutar.

 

ASSINE GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA


 Ao ter conhecimento dum concurso que estavam a realizar, para encontrar a mulher mais feia do mundo, ela decidiu concorrer, e após vários momentos de desconforto e chacota, venceu aquele título nada prestigioso.

Contudo, ao vencer este inusitado concurso, angariou algum dinheiro, e foi ainda convidada para espectáculos de aberrações, o que lhe garantiu um emprego, que desempenharia durante o resto da sua vida.

Nos vários circos onde trabalhou, o seu número consistia em apresentar-se em público, com roupas que acentuavam a sua condição de ‘mulher mais feia do mundo’, provocando risos, insultos e troça por todo lado.

Mas enquanto todos a ridicularizavam, ela seguia firme o seu caminho, dando aos seus quatro filhos, tudo o que eles necessitaram para se tornarem homens e mulheres.


O público apenas via o seu aspecto tosco e feio, mas o que ninguém via, é que Mary albergava em si, uma mulher de beldade ímpar, que reunia toda a sua força no amor que tinha pelos seus filhos.
 

Esta força de Mary é compreendida muito facilmente por quem é mãe. Amar os seus filhos, e fazer tudo por eles, mesmo que ninguém as ame, e mesmo quando são maltratadas. Ser mãe é uma força única e difícil de explicar, e são sempre os seres mais belos nas nossas vidas.


No passado fim-de-semana, foi dia da Mãe. Na nossa cultura de consumo, este dia representa a obrigatoriedade de comprar qualquer coisa, para oferecermos de forma vazia às nossas mães. Mas este dia, podia ser algo mais. Este dia pode ser um momento de reflexão sobre a condição de mãe na sociedade, dando lugar a medidas!


Não estará a nossa sociedade a comportar-se como a plateia do circo onde Mary atuava, quando não defende os direitos laborais das mães? Ou quando não acautela a protecção de grávidas? Ou quando não luta contra a violência doméstica sobre mães? Ou quando se fazem intifadas contra os apoios sociais, que são muitos deles atribuídos a mães solteiras?


Peço desculpa, mas vou-me levantar!

Eu não quero estar nesta plateia! Não quero fazer parte desta trupe que achincalha aquela mãe, porque a acha ‘feia’… porque a minha mãe é linda, e porque todas as mães do mundo são lindas!

 

Ricardo Jorge Neto

 

 

 

 

Opinião

Opinião

Eleições: Um Protesto Vazio e um Futuro Incerto

24/05/2025

Opinião

Marchemos, mesmo quando ninguém está a olhar.

24/05/2025

Opinião

Pedalar para o Futuro

24/05/2025

Opinião

SENTIMENTO

24/05/2025