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Gazeta Paços de Ferreira

30/03/2023, 0:00 h

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A AUTORIDADE MORAL DA IGREJA POSTA EM CAUSA

Destaque Editorial

EDITORIAL

Nos últimos tempos, porém, a Igreja Católica vem sofrendo profundos golpes na sua; imagem de autoridade moral e nesta confiança cimentada ao longo dos séculos.

Álvaro Neto

 

 

A Igreja Católica ocupa um espaço muito especial nas sociedades, mesmo nas sociedades laicas, como é o caso da sociedade portuguesa.

Cabe-lhe promover a fé dos cidadãos, que a tenham e desejem valoriza-la e perfilha valores, que são seguidos mesmo por muitos daqueles que não têm fé.

A Igreja Católica tem – se apresentado, assim, como uma referência moral de uma civilização e a nossa principal referência de ver e agir no Mundo.

É certo que não se podem esquecer factos históricos da Igreja extremamente negativos, dos quais se salientam os praticados pela Santa Inquisição; a menor consideração pela Mulher; nem uma moral sexual redutora e repressiva, que tem provocado, friamente, ao longo dos tempos, efeitos desumanos irreparáveis.

Nos últimos tempos, porém, a Igreja Católica vem sofrendo profundos golpes na sua; imagem de autoridade moral e nesta confiança cimentada ao longo dos séculos.

Curiosamente, tem sido a sua moral sexual redutora e repressiva que está a provocar essa perda de confiança, ao não ser seguida, na prática, pelos seus próprios párocos, que no altar dizem uma coisa e na sacristia fazem exatamente o contrário, muito ao jeito do “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço”.

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De há muito tempo que vinham surgindo, a nível mundial, rumores acerca da pedofilia na Igreja, mas as autoridades eclesiásticas portuguesas sempre desvalorizaram esses rumores, alegando, quando questionada sobre a eventual existência de pedofilia no seu seio, que em Portugal tal “maldição” não se verificava.

Acontece que se viu confrontada com a pressão social, teve de alterar essa posição e , muito a contragosto, nomeou uma Comissão de Inquérito, que viria a concluir pela existência de muitos e graves casos de abusos sexuais no seu seio.

O seu embaraço foi enorme, não se mostrando capaz de assumir as suas responsabilidades de autoridade moral, nem de tomar as medidas cautelares nem sancionatórias relativamente aos prevaricadores, nem preventivas de futuros danos.

Mas esta não é matéria exclusiva da Igreja Católica, mas também do Estado, que não poderá deixar de retirar à Igreja e aos seus sacerdotes uma imunidade civil e penal, de que não podem gozar no nosso Estado de Direito Constitucional e de lhe exigir que assuma a responsabilidade institucional pelos danos físicos e morais causados às vítimas pelos seus sacerdotes.

(E não será uma boa altura para se rever a Concordata?)

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