26/04/2024, 10:46 h
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DESTAQUE
Por Octávio Renato Magalhães
DESTAQUE - EXCERTOS
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A OPOSIÇÃO À DITADURA
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O concelho de Paços de Ferreira, situado no alto da Serra da Agrela, padecia do natural isolamento da altitude, e sofria-lhe os entraves que esta situação provoca na dinâmica social, estando na origem de uma mentalidade rural com todo o individualismo que lhe é característico. A única freguesia que fugia à regra era Freamunde em resultado da sua economia ser de base industrial. A concentração operária, o salário, os sindicatos e um convívio mais amplo permitiram uma interacção com uma realidade económica e social mais avançada. Isso resultou, necessariamente, em uma mentalidade e percepção social mais progressistas, evidentes logo após o 25 de Abril, com a democratização política.
Apesar da incultura política do concelho, havia antifascistas, principalmente entre as classes mais instruídas, que se opunham à ditadura por lhes cercear objectivos e violar os seus princípios. Porém, foi sob a égide da Igreja que um grupo de pacenses de diversos pontos do concelho levou a cabo um trabalho prático de oposição ao regime não baseado na propaganda, mas em obra feita, nas áreas citadas no início deste texto, economia e cultura. Na esfera económica foi estabelecida uma cooperativa de consumo próxima à Auto Viação Pacense. Seu objectivo era demonstrar a existência de sistemas económicos alternativos ao capitalismo, promovendo uma distribuição mais justa da riqueza produzida e, consequentemente, uma convivência colectiva mais solidária e harmoniosa, decorrendo daqui um aumento de consciência política e acerto nas opções das forças políticas para funções de Estado. Na fase inicial de estruturação da cooperativa, eram divulgados comunicados contendo informações sobre o progresso dos trabalhos e aspectos teóricos sobre o cooperativismo e suas vantagens económicas e sociais.
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ESCOLA ABERTA
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É sacramental referir o “A REBATE”, um boletim paroquial que noticiava e opinava com a ginástica mental necessária para contornar a proibição da liberdade de expressão e opinião A censura do pensamento é uma arma de defesa dos poderes iníquos, e o regime fascista de Salazar a usou e dela abusou como arma mortífera contra o espírito humano. A Igreja Católica, dirigida pelo Cardeal Gonçalves Cerejeira, íntimo de Salazar, foi parte do poder fascista. Alguns clérigos ousaram levantar a voz contra o regime e contra a sua própria hierarquia, desobedecendo a estes e obedecendo à sua condição cristã. Em Paços de Ferreira, na época dos eventos relatados, paroquiava um padre fiel ao cristianismo, que lhes deu cobertura, causando grande mal-estar nas elites católicas da situação e seus serviçais, que atingidos por irritantes náuseas, de imediato pediram cura à PIDE e à Diocese do Porto, que logo prepararam os remédios de sua especialidade para restaurar a tranquilidade da facistada pacense.
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