20/05/2023, 0:00 h
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OPINIÃO SAUDE
As perturbações do Neurodesenvolvimento (PND) são, de acordo com o DSM-V, um grupo de patologias que interferem com o desenvolvimento normal do indivíduo, manifestando-se geralmente na infância. São o resultado de uma interação complexa de fatores genéticos e ambientais, sendo, na grande parte dos casos, difícil de apontar a sua causa exata.
Nas PND incluem-se a perturbação do desenvolvimento intelectual, a perturbação da comunicação, a perturbação do espectro do autismo, a perturbação de hiperatividade e défice de atenção, a perturbação específica da aprendizagem e as perturbações motoras.
Os défices a nível das capacidades intelectuais, nomeadamente o comprometimento do raciocínio lógico, da resolução de problemas, aprendizagem e no próprio funcionamento adaptativo, limitam frequentemente a autonomia pessoal e social.
O seu reconhecimento, cada vez mais precoce, tem permitido a sinalização à consulta hospitalar, seja por Médicos Assistentes, seja pela Escolas, e assim atuar mais adequadamente.
A intervenção visa a promoção da independência e autonomia funcional e social do indivíduo. É assim necessário assegurar, o mais atempado possível, os apoios educativos, psicológicos e terapêuticos ao duo criança-família, com o objetivo de minorar e, eventualmente, superar os seus défices. Com esse propósito, criou-se, formalmente em 2009, o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância. Este consiste num conjunto organizado de entidades institucionais e de natureza familiar, com vista a garantir condições adequadas para crianças com funções/estruturas do corpo que limitam o seu crescimento pessoal, social, e a sua participação nas atividades típicas para a idade, bem como das crianças com fatores de risco para atraso no desenvolvimento.
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A integração na sociedade é um desafio, revestindo-se de inúmeros entraves. Tem-se procurado, desde logo a nível do pré-escolar, em conjunto com as Equipas Locais de Intervenção assegurar o apoio necessário para mitigar as limitações associadas às PND. Já a nível escolar tem-se promovido a integração destas crianças nas turmas (com consequente redução do número de alunos nas mesmas) e a elaboração de um plano individualizado de formação ajustado às suas necessidades educativas especiais. Existem também protocolos de empregabilidade e projetos de vida adaptados.
Apesar destas iniciativas, o investimento nesta área ainda é escasso. Há ainda um trajeto longo a percorrer para otimizar recursos, alargar apoios e promover uma real inclusão.
Cláudia Correia, Médica Interna de Pediatria.
Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN), Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUdSA).
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