08/09/2023, 0:00 h
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EDITORIAL
Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)
EDITORIAL
“Para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras, para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos, que ensanguentam o mundo?”
Esta interpelação do Papa Francisco à Europa, mas que é uma interpelação a todos nós, preferida durante o seu discurso no Centro Cultural de Belém, representa, talvez, o marco mais relevante das suas intervenções públicas durante a sua passagem recente por Portugal no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.
Decorre atualmente uma guerra, que a todos interpela, e de que todos estamos a sofrer as consequências – gravíssimas - pelo que seria natural que os nossos líderes políticos estivessem a empreender iniciativas diplomáticas para lhe pôr termo.
No entanto, não é isso o que acontece. Em vez da diplomacia, o que se ouve é o brado por mais e mais armas.
À pergunta do Papa está subjacente uma condenação desta orientação política europeia sobre a guerra, que ele acentua quando volta a perguntar: “Para onde navegas? Que rota segues, Ocidente?
Esta condenação do Papa Francisco da orientação política europeia sobre a guerra tem, desde logo, um efeito positivo: dar força e credibilidade moral e política a todos aqueles que, na Europa e fora dela, vêm tomando iniciativas pela paz e defendendo o estabelecimento de contactos diplomáticos pela paz, que são atualmente ostracizados e vilipendiados como reles “putinistas”.
(Não foi por acaso que os media do sistema não deram grande relevo a estas palavras, apesar das milhares de horas e toneladas de papel gastos na cobertura da JMJ).
A condenação do Papa Francisco acentua-se quando coloca mesmo o dedo na ferida e caracteriza a aposta armamentista como “não (...) investimento”, mas “empobrecimento do verdadeiro capital humano que é a educação, a saúde, o Estado Social”.
Na verdade, enquanto os canhões cantam a canção da guerra, as desigualdades acentuam-se (o número de milionários dispara em 2022; 1,2% dos adultos têm 47,8% da riqueza mundial, enquanto 53,2% têm apenas 1,1%), avolumam-se as injustiças, agudiza-se a exploração dos trabalhadores, a precariedade dos jovens, a falta de perspectivas de futuro; idosos são abandonados a si mesmos, e tantas outras coisas!
(Perante isto, que fazer?)
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