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Gazeta Paços de Ferreira

10/04/2024, 10:09 h

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“Jerónimo, uma lenda americana”

Cultura Opinião Abílio Travessas

CULTURA

O passado não perdoa, dão uma visão diferente da luta sem esperança dos povos americanos contra os bárbaros do ocidente europeu, da civilização judaico-cristã.

Por Abílio Travessas (Colunista e Professor aposentado)

CULTURA

 

 

Goyaka para os apaches chiricahuca, Jerónimo, como outros combatentes ameríndios, vulgarmente conhecidos como índios, Touro Sentado (Siting Bull), Cavalo Louco (Crazy Horse) lutou contra o esbulho das suas planícies pelos cara-pálidas. Os filmes sobre a “conquista” do oeste americano acompanharam-me desde que vi cinema nos velhos Póvoa Cine e Garrett, sem consciência da realidade para além dos “selvagens” que atacavam caravanas de pioneiros.

 

 

Muitos vi, alguns perduram, como Winchester 73, que revi em mais um ciclo do agora Star, ex-Fox, alertado pelo amigo António Monteiro (víramo-lo, adolescentes, numa daquelas tardes de verão num dos dois cinemas poveiros), poucos abordando o tema do lado do vencido.

 

 

Mas John Ford – A Desaparecida – John Houston, O passado não perdoa, dão uma visão diferente da luta sem esperança dos povos americanos contra os bárbaros do ocidente europeu, da civilização judaico-cristã.

 

 

O filme do realizador Walter Hill com bons actores – Gene Hackman – General George Crook, Matt Damon - tenente Britton Davies que descreve a relação do exército com Jerónimo, Robert Duvall, o batedor branco Al Sieber, Wes Studi – Jerónimo – vale pela visão não simplista da tragédia daqueles povos.

 

 

1886: “os apaches acedem, com muito pesar, ficarem reclusos numa reserva. Mas nem todos se adaptam à nova vida, em particular Jerónimo, cansado de promessas não cumpridas, e decide, com mais trinta guerreiros, realizar um ataque que humilhe o governo da união”.

 

 

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“Um feiticeiro apache disse que haverá muitas mortes e no fim venceremos porque morreremos livres dos caras pálidas”; “antes dos caras-pálidas chegarem tínhamos uma boa vida. Agora estamos obrigados a viver neste bocado de terra; os cara-pálidas não entendem os apaches”.

 

 

Jerónimo, respondendo ao general Crook: Quando era jovem vieram os brancos e queriam a terra do meu povo. Quando os soldados queimaram as nossas aldeias, mudámo-nos para as montanhas; quando levaram a nossa comida, comemos espinhos; quando mataram os nossos filhos, fizemos mais. Matámos e fomos mortos, mas nos nossos corações nunca nos rendemos. Com todo este território, porque é que não há lugar para os apaches? Porque é que os caras-pálidas querem tudo?

 

 

E Búfalo Bill, que ficou para a história como grande caçador de búfalos, que papel desempenhou na história do extermínio dos autóctenes? Algumas notas:

 

 

1873 – o Secretário do Interior escreveu: “eu não me arrependeria se os búfalos desaparecessem completamente das nossas planícies do Oeste, considerando o efeito que traria sobre os nativos”. Os búfalos constituíam um dos principais recursos dos nativos norte-americanos.

 

 

1875 – as majestosas manadas de búfalos já não cruzavam as planícies da América do Norte; eram trinta milhões e no séc 19 foram caçados até à quase extinção.

 

 

Cada bisonte morto é um índio a menos na pradaria.

 

 

As consequências do extermínio foram significativas: tribos afectadas; os animais tinham um papel importante no ecossistema: cursos dos rios, pragas, erosão do solo, fenómenos como as Nevascas Negras na década de 30 do séc. 20 foram calamidades que afectaram o clima.

 

 

 

 

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