Este ano as provas de aferição não se realizaram em papel, mas em formato digital. Do meu ponto de vista, foi um erro. Criou ansiedade em professores e alunos, sem necessidade.
Chegamos ao fim de mais um ano letivo para os nossos alunos. No Agrupamento de Escolas de Frazão foi um ano de mudanças e, como sempre que tal acontece, andamos um bocadinho à deriva.
Semestralidade
Foi a primeira vez que trabalhamos em semestres. Fomos o único Agrupamento no concelho que arriscou a experiência. No próximo ano também continuamos a ser o único, pois continua a haver algum receio das escolas arriscarem nessa forma de organização do calendário escolar.
Há um ano atrás escrevi sobre o assunto e a minha opinião era desfavorável à semestralidade. No nosso Agrupamento a sondagem feita aos professores tinha dado quase um empate, embora à tangente tivesse ganho o Sim.
Eu tinha muitas reservas, nomeadamente na forma como os pais se iam organizar nas paragens letivas.
Passado um ano, foi feita nova sondagem e embora eu não saiba os resultados, tenho quase a certeza que as opiniões a favor terão superado em muito as contrárias. A minha opinião foi uma das que mudou. Considero que, de facto, é uma boa forma de organização. Os alunos têm mais pausas ao longo do ano letivo e permite-lhes descansar um pouco. Os pais, sabendo antecipadamente quando serão as pausas, organizam-se facilmente.
Claro que nós professores tivemos alguma dificuldade em planificar no novo modelo. Claro que cometemos alguns erros, próprios de quem está a experimentar uma situação nova, mas creio que no próximo ano, com a experiência acumulada, será mais fácil.
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MAIA
Implementamos também o projeto MAIA, que na realidade é uma nova forma de avaliar.
Avaliar é no processo educativo uma das tarefas mais complicadas. Por mais que se tente ser objetivo, há sempre alguma subjetividade. É um processo complicado, confesso, seja qual for a metodologia utilizada
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Com o MAIA a tónica incide na avaliação formativa, nos processos como se aprende, na mudança de práticas de ensino e aprendizagem. A classificação (dar notas) tem menos peso, e investe-se mais na correção de erros para que os alunos consigam aprender. Acho que é consensual que não foi fácil e perdemos muito do nosso tempo a tentar compreendê-lo e aplicá-lo, cometendo vários atropelos ao que o projeto preconiza. Há um caminho longo a percorrer para que a implementação seja fácil e produtiva.
Este projeto já é implementado desde 2019 em escolas piloto e vem do Ministério da Educação.
Provas digitais
Este ano as provas de aferição não se realizaram em papel, mas em formato digital. Do meu ponto de vista, foi um erro. Criou ansiedade em professores e alunos, sem necessidade.
Embora se fosse falando das dificuldades quanto ao equipamento informático, até acho que esse não era o problema, pois os alunos têm um PC e internet que lhes foi facultada pelo Ministério, portanto ao nível do equipamento estava mais ou menos resolvido.
A questão é que numa prova com tempo, incidentes acontecem: a net deixa de dar, o programa bloqueia ou vai abaixo, os fones avariam, as teclas prendem…Sabemos que é muito mais suscetível de haver constrangimentos com a aplicação digital do que em formato papel. Como vão aferir, como a avaliação vai ser objetiva se nem sequer perguntaram aos professores os constrangimentos que surgiram?
Tenho 2º ano. Optei por não usar o computador senão não tarefas que normalmente usava. Logo, não treinei a digitação, pois em nenhuma parte do programa diz que eles têm que saber digitar. Mas, posso referir, que vi crianças de 7 anos a serem “massacradas” durante mais de um mês, quase diariamente, com textos para digitarem no PC. Em relação à matemática, pequenitos de 7 anos estão habituados a manusear e a rabiscar para explicarem os resultados, coisa que um PC não lhes permite.
Em suma, sou completamente contra a aplicação de testes digitais no formato que foram apresentados, não permitem aferir nada, pois não é assim que eles trabalham no dia a dia.
Em jeito de conclusão, considero um falhanço as provas digitais, dou um voto de confiança ao Projeto MAIA, que necessita de vários anos para se conseguir implementar em pleno, e avalio muito bem a Semestralidade, deixando o repto às outras escolas que arrisquem nesta forma de organização, que considero bastante positiva.