08/08/2021, 17:32 h
151
Margarida Barros Opinião Saúde
A Eletroconvulsivoterapia (ECT), também conhecida por eletrochoques, consiste num tratamento psiquiátrico que utiliza as alterações da atividade elétrica cerebral, através do uso da corrente elétrica, para provocar convulsões controladas e percecionadas pelo equipamento. Lamentavelmente, a ECT tem um passado negro e grande parte das pessoas acha que este tratamento já não se realiza atualmente e que não é seguro. De facto, mesmo quando a ECT é representada no cinema esta aparece-nos quase como uma “tortura” – sobretudo porque era utilizada sem anestesia ou relaxantes musculares o que conduzia a possíveis convulsões dolorosas e lesões. Contudo, e felizmente, dado os seus benefícios, a ECT é cada vez mais utilizada na prática clínica com bons resultados, nomeadamente na esquizofrenia refratária aos fármacos, na doença bipolar, na depressão resistente, etc. Quando os doentes estão em risco de vida por não falarem, recusarem medicação ou alimentação, fruto de doença mental grave (ex: catatonia), a ECT é também o tratamento de eleição. Outra utilidade muito importante deste tratamento e que pode chocar muito dos leitores é na mulher grávida com doença mental grave descompensada. Muitos dos fármacos disponíveis no mercado não apresentam estudos de segurança nesta população ao contrário da ECT que, não só é indolor, como é segura nestas situações. De facto, são poucas as contraindicações à sua utilização, assim como os seus efeitos adversos – de destacar a confusão, as náuseas e a perda de memória temporária associada sobretudo à anestesia.
A ECT é realizada em meio hospitalar, de forma controlada, sob anestesia geral, monitorizada pelo Psiquiatra, Anestesista e Enfermeiro. Esta pode ser iniciada durante o internamento ou em ambulatório. O tratamento agudo geralmente é realizado 3x/semana e pode ser realizado unilateral ou bilateralmente no cérebro, durante 6 a 12 sessões. Nos casos com melhoria significativa dos sintomas, poderá ser necessário manter a ECT quinzenal ou mensalmente - tratamento de manutenção.
Um aspeto importante é que a ECT necessita de consentimento informado - autorização do doente e por vezes da família. Quando o Psiquiatra propõe esta técnica é a pensar no melhor interesse do doente, sendo essencial despirem-se os preconceitos do passado associados à sua utilização. Como já discutido, este é um tratamento que demonstrou ser seguro e eficaz em inúmeras doenças, melhorando quer a sintomatologia, quer a qualidade de vida destes doentes.
ASSINE E DIVULGUE GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
ASSINATURA ANUAL DA EDIÇÃO ELECTRÓNICA – 10 EUROS
ASSINATURA ANUAL DA EDIÇÃO IMPRESSA (COM ACESSO GRATUITO À EDIÇÃO ELECTRÓNICA) 20 EUROS
Opinião
19/05/2025
Opinião
19/05/2025
Opinião
17/05/2025
Opinião
15/05/2025