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Gazeta Paços de Ferreira

20/07/2025, 0:00 h

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Atendimento médico gratuito na Radelfe - Uma medida de saúde eleitoral

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OPINIÃO POLÍTICA

"Esta recente iniciativa da autarquia, que custou mais de 200.000€ aos cofres municipais, merece - mais do que aplausos - escrutínio e transparência."

Por Sara Pereira (Membro da Comissão Política da JSD Paços de Ferreira)

 

Desde 19 de maio, os residentes de Paços de Ferreira podem usufruir de um “Serviço Gratuito de Atendimento Permanente de Medicina Familiar e Enfermagem” no Hospital Dr. Pinto Leite – Radelfe, após o encerramento dos Centros de Saúde.

 

Esta recente iniciativa da autarquia, que custou mais de 200.000€ aos cofres municipais, merece - mais do que aplausos - escrutínio e transparência.

 

Podíamos explorar quantos médicos seriam necessários para atender EFETIVAMENTE 50 pessoas numa hora, mas há outras questões mais relevantes: é um hospital mas não funciona como hospital - porque não atendem casos urgentes - oferecem consultas de “Medicina Familiar” mas não funcionam como USF - não emitem P1 e não asseguram continuidade de cuidados. Na prática, é um serviço limitado que nem se pode chamar de PPP no sentido pleno, já que uma avença temporária de conveniência política não constitui uma “associação duradoura de cooperação”.

 

Esta medida tem a duração exata de seis meses e termina ... nas vésperas das eleições autárquicas. É legítimo perguntar: uma iniciativa que recauchuta temporariamente um problema estrutural, com o bónus de conquistar manchetes, é uma resposta para melhorar a saúde dos munícipes ou é marketing, disfarçado de política de proximidade, para promover a saúde eleitoral do PS?

 

É irónico que, num país onde as PPP em saúde caíram sob governos PS por dificuldade em renovar contratos, não tenha existido um esforço para garantir a continuidade deste “importante serviço de saúde” depois das eleições. Ou só é importante até lá?

 

 

 

 

E que não se diga que a curta duração do contrato se deve a constrangimentos financeiros, já que o mesmo executivo investiu NUM DIA de passeio à Assembleia da República uma verba suficiente para prolongar esta parceria por mais 16 MESES.

 

Em coerência com a visão nacional do PSD, a JSD de Paços de Ferreira defende que o setor privado pode e deve complementar o público! Mas com rigor, estratégia e transparência. Não com medidas avulsas de eficácia duvidosa.

 

Mas para a autarquia a coerência ideológica parece descartável em tempos de eleições: o contrato com a Radelfe foi assinado a 30 de abril, dias depois da proposta do Governo de assinar novas PPP ter sido ferozmente criticada pelo PS. Parece que “desviar recursos do SNS” é uma inaceitável manobra eleitoral do PSD a nível nacional, mas uma brilhante política social a nível local.

 

Ora, os municípios não têm autonomia para organizar serviços de saúde que funcionem como extensão oficial do SNS, pelo que qualquer resposta concelhia através de privados será inevitavelmente limitada e desarticulada, o que condiciona a população a agradecer favores precários, em vez de exigir soluções estruturais.

 

O acesso à saúde não pode ser instrumentalizado como arma de chantagem política.

 

 

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