24/10/2025, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
Reorganização dos recreios
Talvez tenha chegado a Lisboa que já começamos a reorganizar os recreios e os espaços fora da sala de aula.
As instalações dos Centros Escolares são boas, mas por si só não chegam. Realmente os espaços que não são normalmente usados para aulas são ricos em terra ou alcatrão, mas pobres em tudo o resto.
Os nossos pequenitos do Jardim de Infância e do 1º Ciclo anseiam pelo tempo de recreio, pelos intervalos, mas chegados cá fora pouco mais têm do que duas balizas, um escorrega e um outro equipamento infantil para brincar, o que é claramente insuficiente para tantas crianças.
Na Escola Básica de Arreigada e na Escola Básica nº 1 de Frazão já iniciamos a reorganização dos recreios e dos espaços onde as crianças passam o tempo quando não estão em aulas. Colocamos jogos e brinquedos nos corredores, no pavilhão, cobertos e no recinto exterior. Montamos mesas de ping-pong e um campo de badminton. Os jogos tradicionais como saltar à corda também acolhem muitos adeptos. Começamos, ainda, a recolha de triciclos e bicicletas e os intervalos ou a hora do almoço já são bem mais animados.
Sem dúvida que sem nada para brincar, o corpo a corpo é o que sobra e nem sempre corre bem. Tudo vai de hábitos, e as crianças são ensinadas que pegam no material e no final arrumam, deixando tudo exatamente como estava.

Renaturalização dos recreios
Já partilhei que em Arreigada temos um projeto com o Observatório Ambiental de renaturalização dos recreios. Sem dúvida que não sou adepta de equipamentos de plástico, quando estamos numa zona em que a madeira é o material base para a construção. E, por isso, temos previsto construir baloiços de madeira, casa na árvore e outros equipamentos lúdico-pedagógicos no nosso espaço exterior.
Devemos investir em espaços naturais, que incluam também vegetação, pois as nossas crianças passam quase todo o seu tempo no recinto escolar.
Um motivo muito forte para investir na naturalização dos recreios prende-se, também, com o facto de terem começado a funcionar as creches nos edifícios dos Centros Escolares já existentes.
Tal como foi informado pelo Município, a rede de creches inspira-se no conceito de Forest Schools da Dinamarca. No entanto, a localização da maior parte ou quase totalidade das creches não permite o contacto com a Natureza; nada de florestas nas proximidades e a única que está mesmo ao lado do parque é a de Meixomil. Para as restantes, é quase impossível levar a pequenada para o bosque.
Por tudo o que foi dito anteriormente, é urgente renaturalizar o mais rápido possível os recreios exteriores, senão na realidade ficamos pelas conceções teóricas dos projetos e o desenvolvimento das crianças nunca poderá ser tão potencializado quanto deveria.
Libertem as crianças
Esta expressão é o título de um livro de Carlos Neto, um dos maiores especialistas mundiais na área da brincadeira e do jogo. Este professor não se cansa de repetir que as crianças vivem enclausuradas, rodeadas de betão e sem relação com a natureza. Rebate constantemente na ideia de que as crianças precisam de brincar e essa brincadeira necessita de espaços naturais e não de betão ou sintéticos. Precisam de brincadeiras semi-orientadas mas também das que permitem a descoberta e nisso a natureza é, sem dúvida, potenciadora. Dou apenas um exemplo do que existe na nossa escola: caixotes com pedaços de madeira, tampas, cones e afins…com os quais as crianças, dando azo à sua criatividade, fazem construções maravilhosas!
Acredito que quando tivermos o nosso recreio com mais construções naturais, as mesmas serão ainda mais potenciadoras da criatividade, da aprendizagem e certamente do bem estar físico e mental dos nossos pequenotes.
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