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Gazeta Paços de Ferreira

01/10/2025, 9:58 h

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OS DRONES EM DANÇA

Opinião António Colaço

Politica internacional

A quem poderá, pois, interessar o empolamento deste tipo de casos (e eventualmente outros poderão estar na calha) insuflando sentimentos de forçada insegurança e intranquilidade nas populações dos países europeus, pondo em causa o desenvolvimento harmonioso e equilibrado da vivência social?

 Está lançada esta dança para o gáudio dos que pretendem transformar este fenómeno num perigo crescente para os países da Europa, naturalmente Portugal incluído, enquanto fazendo parte da NATO. Não há notícia que diariamente nos não alerte ao aparecimento de drones estranhos a invadir os espaços aéreos de Polónia, Moldávia, Dinamarca, Suécia e provavelmente outros que virão, pondo em risco a soberania dos respetivos países e prenunciando o perigo de um conflito militar, senão mesmo, de uma guerra.

 

 

Este estado de coisas, ajusta-se ao modelo da mentalidade de guerra lançado pelo Secretário-Geral da Nato, Mark Rutte (o mesmo que apelidou Donald Trump de ‘daddy’) quando visa segurança ‘para os nossos filhos e netos’, com o seu clamor emotivo para instruir bancos e fundos pensionistas para investir na indústria de defesa – ‘defesa’ entenda-se ‘guerra’. É neste cataclismo idealizado que se encontra fundamento para o desconto de 5% do orçamento do nosso Estado, destinado à ‘defesa’. É neste contexto dantesco que cidadãos de Finlandia e de alguns países da EU acorreram a fazer reservas alimentares por 3 dias e ensaiar abrigos subterrâneos para a ameaça da guerra que aí vinha.

 

 

Em termos de exegese bélica importa considerar que presentemente, o lançamento de um drone não implica necessariamente a responsabilidade do país fabricante dada a comercialização da indústria de drones. Neste momento Ucrânia está envolvida no fabrico e venda de drones kamikase (FPV) com a garantia – ‘testado em guerra’.

 

 

Na fase atual da guerra na Ucrânia, tendo em conta o quadro tenebroso traçado pelo Sr. Mark Rutte da desgraça na Europa face ao perigo russo, o bom senso, a lógica discursiva e um mínimo de inteligência sugerem que a Federação Russa não está em condições nem pode dar-se ao luxo de jogar com qualquer plano expansionista sob pena de comprometer a sua própria existência.

 

 

Ora, a Federação Russa não está em guerra com a Europa tida nem com a NATO. Por sua vez a relação da Ucrânia com a Rússia é muito específica do ponto de vista histórico, geográfico, geopolítico e económico, aspetos que não se relacionam com qualquer país europeu, pelo menos no plano de imediato. Outra é a questão da Ucrânia pertencer à EU, (ao que a Rússia não se opõe), o que nada tem a ver com a NATO. Ultrapassando esta premissa, terá sido por isso que Mark Rutte, quis envolver os países europeus pertencentes à NATO, gerando a mentalidade de guerra, para assegurar um futuro a esta organização? Caso seja esta a situação, é simplesmente de repudiar, por neste ponto se equacionar  uma política belicista e armamentista.

 

 

E agora aí está – a dança dos drones e quejando. A Dinamarca refere ‘drones desconhecidos’ impulsionados por um ‘ator profissional e lançados do solo dinamarquês, não havendo prova de envolvimento russo”.  Na Estónia, quanto aos 3 caças russos envolvidos, “ainda precisa de ser confirmado se a violação da fronteira foi deliberada ou não”, no entanto, “não representando ameaça militar” Ants Kiviseig, Comandante do Centro de Inteligência militar de Estónia). Finalmente, quanto a Polónia, a violação do seu espaço é explicada pela Rússia, como sendo um lapso logístico, por na altura estar em causa um ataque à Ucrânia. As últimas declarações de Lavrov vão no sentido de não se envolver em qualquer incidente militar com a NATO.

 

 

A quem poderá, pois, interessar o empolamento deste tipo de casos (e eventualmente outros poderão estar na calha) insuflando sentimentos de forçada insegurança e intranquilidade nas populações dos países europeus, pondo em causa o desenvolvimento harmonioso e equilibrado da vivência social?

 

António Bernardo Colaço

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