02/03/2024, 0:00 h
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DESPORTO
Por José Neto (Doutorado em Ciências do Desporto; Docente Universitário; Investigador)
DESPORTO
Fui convidado pelo Dr. Miguel Guedes, Diretor do Coliseu do Porto, a “Catedral” onde se celebra a cultura vertida na arte, na música, no cinema e demais acontecimento que muito honram a cidade e o próprio país, a intervir no “ Dia do Pensamento”, 21 de Fevereiro, num debate onde tive a honra de parceria de duas figuras ilustres da cultura contemporânea, mormente a escritora Doutora Hélia Correia, galardoada com o prémio Camões em 2015 e um dos maiores nomes da literatura em Portugal, comentando o fenómeno da sua obra com base dum fundamento intuitivo e o Doutor Miguel Moura, Psicólogo especializado em neuropsicologia pela universidade da Catalunha, referenciando as conexões que ocorrem no cérebro quando recorremos à intuição e reconhecimento das memórias de experiências passadas.
Para além de muito me ter honrado o convite formulado para num ambiente muito especial sinalizado por centenas de presenças e num ambiente simplesmente transcendental, no que refere à minha intervenção comento para os nossos estimados leitores da Gazeta, o poder da intuição, mais propriamente orientado na vertente desportiva.
Entre o sentir e o pensar não existem fronteiras e daí o sucesso ou a vitória quase sempre se encontra ancorado num estado de crença como força motriz de intencionalidade operante. Para ganhar é preciso ter confiança e para ter confiança é fundamental pensar que somos vencedores. Exemplifiquei esse estado de reflexão quando em momentos muito próprios, pré-competitivos, perguntava aos futebolistas o que viam em si mesmos? E os mais competentes, respondiam “vejo golos … vejo gente a aplaudir … etc …” e por isso eram peritos em ignorarem a previsão dos falhanços, mas sim mais disponíveis para criar um código proativo para o encontro do sucesso.
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É evidente que esse sentimento será porventura mais consistente se for devidamente experienciado. Isto é a sabedoria do vivido, em que essa prática evidenciada como critério da verdade, como bem nos refere o Professor Doutor Manuel Sérgio na sua cátedra sobre a abrangência do movimento intencional e solidário de transcendência: “teoria sem prática é uma mera especulação e prática sem teoria uma mera repetição”.
Daí, quando se nos remetem para o fenómeno dessa voz interior que transcende o racional, esse pressentimento que nos leva a acreditar que algo possa vir a acontecer, temos de identificar a identidade de quem ousa sentir ou proferir, se faz parte de gente que transporta na alma as pegadas duma experiência vivida e nos olhos a chama da esperança para o belo e verdadeiro.
Concluí essa parte, antes das muitas questões colocadas, anotando dois exemplos que a história do tempo revela. Num jogo de Futebol para a vitória do título de campeão (após 19 anos de jejum) o Mestre Pedroto, imediatamente antes da marcação duma grande penalidade, grita para o jogador Romeu para vir ao banco dos suplentes e lhe diz: “como vês é penalty a nosso favor. Quem vai bater a bola é o Oliveira. Mas ele vai falhar, ou melhor o guarda-redes não vai segurar a bola e tu vais à recarga e fazes golo. Ouviste??? Sim Sr. Pedroto … então arranca!... e tal aconteceu e o F. C. Porto marcou.
Outro exemplo aconteceu num sorteio para a Liga dos Campeões. Quando saiu a sorte a ter no grupo o Bayern de Munique, logo proferiu o treinador dessa equipa de Lisboa: “o primeiro lugar já tem dono … e nós não somos de certeza!...”
Os melhores exemplos da intuição, quer para apregoar o propósito dum êxito antecipado, ou para antecipar a socialização da demência para o inêxito.
Do Desporto para a vida, talvez a linguagem do consciente possa por vezes eclodir no desejo intuitivo de prever o provável!... Podemos treinar esse estado de consciência? Talvez um bom assunto para explorar numa das próximas edições.
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