31/05/2025, 0:00 h
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CULTURA
Por Abílio Travessas (Colunista e Professor aposentado)
O mar, tonalidades do azul ao verde, atrai os amantes do dito, águas mornas, baía imensa em Santamaria, lugar privilegiado do turismo, baía polvilhada de iates e veleiros, de pesca artesanal ainda. O ala-arriba dum barco maior do que os nossos, de Aver-o-Mar, desaparecidos no progresso – restará algum para a memória ? – necessitou da cooperação de muitos, método com predominância de força braçal pois só utilizavam um tubo preto de plástico cortado longitudinalmente que impedia a proa de afundar na areia. Os troncos usados na minha praia ajudavam a varar o barco, de menores dimensões, com menor esforço. Barcos de fibra de vidro, FÉ NA DEUS chama a atenção. Um Deus feminino? Crioulo?
A ilha é pequena, a história fez-se com a exploração do sal, um português, António Manuel Martins descobriu a primeira mina na Pedra do Lume, visita obrigatória para além da cratera dum vulcão extinto onde o banho é obrigatório. O português pioneiro mereceu biografia de Maria Isabel Barreno. Ruínas atestam a exploração, o que foi a Pedra do Lume no apogeu. O Museu do Sal em Santamaria faz a história da exploração e a importância do sal no crescimento da ilha.
O turismo exponenciado pelo Aeroporto Amílcar Cabral tornou a ilha muito procurada, unidades hoteleiras de nomes conhecidos são muitas, com casas de pequenas explorações a completar a oferta. Restaurantes são muitos em Santamaria onde nos aboletámos, catchupa prato típico à base de legumes e vegetais com peixe – espadarte, atum, papagaio, bodião - ou carne, mais o marisco sempre presente. A pressão nos preços via turismo é grande mais a insularidade e a pouca produção agrícola dada a aridez e a pouca precipitação; a água potável vem da dessalinização.
Jornais ou revistas nem vê-las, mesmo na capital, de singular nome, Espargos, mas esta tem biblioteca municipal onde deixei o meu A Velha Bicicleta do Estado Novo com pequena dedicatória e acrescento de homenagem a jogadores cabo-verdianos, companheiros do futebol em Coimbra, Jorge Humberto com percurso de vida curioso, irmãos Alhinho. Esqueci um cabo-verdiano cujo nome não recordo, que se licenciou em Direito quando jogava no União de Coimbra e de que tenho fotografia em frente aos Gerais, na velha Universidade.
A volta pela ilha em carrinha de marca nipónica, com guia-condutor bem informado, que nos surpreendeu pelo humor e espírito crítico das condições sociais das franjas do turismo, bairros de casas que me lembraram as dos sem-casa no Brasil; o governo não se livrou de crítica mordaz à vista de construção recente para habitação social, inauguração à espera de eleições?, questionou.
Na rua principal, pedonal, o comércio de artesanato africano predomina, o Senegal ali tão perto, trajes garridos, o indígena a provocar o passante: Entre, não paga para ver!
A ilha vale pelas praias, o mar para quem gosta, a segurança, o ameno do clima, o bulício, mas o turismo torna-se avassalador e a construção de novos empreendimentos continua.
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