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Gazeta Paços de Ferreira

06/07/2025, 0:00 h

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Habitação, promessas no papel, silêncios no terreno

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OPINIÃO POLÍTICA

Falar de futuro implica, obrigatoriamente, enfrentar com coragem as realidades que afetam a vida das pessoas. Uma delas, talvez das mais críticas e injustas na atualidade, é a habitação.

Por Célia Carneiro (Presidente de Mulheres Social Democratas de Paços de Ferreira)

 

Em Paços de Ferreira, como em tantas outras zonas do nosso país, o acesso à habitação digna e a preços acessíveis deixou de ser uma expetativa para se tornar uma miragem, sobretudo para os jovens, que veem os seus projetos de vida adiado, para as famílias em início de vida e para os idosos em situação de vulnerabilidade.

 

Ainda esta semana, assistimos a manifestações de jovens por todo o país (tal como noutros países da Europa). Gritam o que tantos sentem em silêncio, o custo da habitação é insuportável, e a resposta política tem sido lenta, insuficiente e, por vezes, inexistente.

 

No nosso concelho, o cenário é particularmente frustrante. Há alguns anos o Partido Socialista anunciou, com pompa e circunstância, a construção de 120 fogos habitacionais. Era uma promessa, diziam (como tantas outras que não passaram disso mesmo), estruturante, que vinha resolver uma carência do nosso concelho. Mas o tempo passou. As palavras ficaram. E o terreno continua vazio.

 

A habitação tem sido tratada com discursos, mas sem obra. É verdade que têm feito requalificações, e isso merece reconhecimento. Aproveitar os apoios do PRR para melhorar as habitações é importante e contribui para melhorar a qualidade de vida dos nossos concidadãos.

 

Mas não se tem feito nada de novo. Reabilitar não chega, quando o problema de base é a escassez de oferta e a escalada dos preços. A política não se pode limitar a comunicados e intenções. Governar é concretizar. E não basta lançar números nas manchetes se, no dia seguinte, não se lançam as fundações no chão.

 

Na realidade nada foi feito. E o silêncio ensurdecedor de quem prometeu e não cumpriu é mais um golpe na confiança das pessoas na política. Enquanto isso, o preço das casas continua a subir, sendo cada vez mais inacessível para quem quer viver, trabalhar ou criar família no seu próprio concelho.

 

 

 

 

A pergunta impõe-se: onde está a estratégia habitacional para Paços de Ferreira? Onde está o plano para os jovens, que querem sair da casa dos pais? Para as famílias, que não conseguem pagar uma renda elevada? Para os idosos, que vivem sozinhos em casas sem condições?

 

Como mulheres social democratas, não aceitamos a resignação nem a desculpabilização. Não aceitamos que se empurre o problema ou se culpe o passado por tudo o que não se faz no presente. Sabemos que o problema é complexo, mas também sabemos que a inação é uma escolha política, e é a pior de todas.

 

A habitação é um direito, não um luxo. É um pilar de coesão social. E deve ser pensada de forma estratégica, intergeracional e sustentável. Reabilitar é necessário, mas é urgente construir, construir com critério, com transparência, com visão de futuro.

 

É necessário mais investimento em habitação acessível, mais aposta em parcerias que envolvam o setor privado com responsabilidade social, mais apoio á reabilitação privada com contrapartidas sociais, e sobretudo um compromisso político com prazos, metas e execução real. Garantir que a habitação acessível seja uma realidade, e não apenas um slogan eleitoral.

 

A nossa visão é clara: construir o futuro com os pés na terra e os olhos no bem comum. Paços de Ferreira merece mais, muito mais do que promessas. Merece ação. Merece políticas com verdade, coragem e capacidade de execução.

 

É tempo de devolver às pessoas a esperança de poder viver com dignidade no concelho onde nasceram, trabalham e sonham ficar.

 

 

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