31/10/2025, 0:00 h
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OPINIÃO
 
                                                                                    Por Celina Pereira
Por incrível que pareça, todos os dias eu censuro os condutores que o fazem, mas naquele dia aconteceu a mim, na minha cabeça, era a atitude mais prudente e que, ironicamente, se revelou ser uma Contraordenação Muito Grave.
O que me aconteceu não foi um ato de preguiça ou imprudência. Eu vinha de uma ultrapassagem a dois veículos e, olhando em frente, sabia que teria de ultrapassar outros carros mais à frente. A autoestrada estava livre, não era hora de ponta, e a minha lógica dizia-me: "Para quê fazer o ziguezague e voltar à direita só para segundos depois, ter de sair de novo? É mais seguro e fluido manter-me aqui."
E lá ia eu sossegadinha, na certeza de que, não causando incómodo ou risco imediato, a minha manobra era razoável. Pois é, enganei-me redondamente.
Muitos condutores têm este mesmo raciocínio. Justificamos a permanência na via do meio, porque estamos "quase a ultrapassar" o próximo veículo ou porque "não há ninguém para atrapalhar". É a nossa interpretação da prudência a chocar com a letra da lei.
No entanto, o Código da Estrada não tolera esta margem de manobra: as vias do meio e da esquerda são estritamente para ultrapassar e regressar assim que a manobra terminar. O tempo de permanência não pode ser subjetivo. O simples facto de eu ter permanecido os meus 1,56 quilómetros na faixa do meio sem ter um veículo imediatamente à minha frente para ultrapassar foi suficiente para me tramar.

Pois é meus caros, no meu caso, a prova de que a lei é implacável surgiu de onde menos esperava. Eu tinha a certeza de que não estava a incomodar ninguém; a autoestrada estava livre. Mas a GNR estava ali. Não na berma, não escondida, mas sim a circular discretamente na mesma via atrás de mim, bem atenta à minha pressa e comodismo.
O facto de a autoridade estar a circular na mesma faixa atrás de mim demonstra que a fiscalização é contínua e não depende de um flagrante perigo para ser ativada. Foi o meu "sofá” bastante confortável de 1,56 km que me tramou.
O resultado desta infração foi duríssimo: uma coima pesada e a Coima Acessória de Inibição de Conduzir, e uma subtração de pontos na carta. Sim, é um facto, fiquei sem carta por causa de uma decisão que eu achava ser a mais prudente.
Que a minha história, que já tanto deu para rir, porque para muitos eu iria tipo avião, e houve até quem me perguntasse, em tom de brincadeira, se eu ia com “os copos”, todos os meus amigos sabem que, se eu estiver a conduzir, não bebo, brincadeira à parte, que sirva de aviso a todos os que usam a mesma justificação: a via do meio não é um parque de estacionamento temporário para as nossas intenções futuras de ultrapassagem. A lei é clara e o risco de perder a carta por esse erro é real. Não arrisquem. Circulem sempre pela direita.
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