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Gazeta Paços de Ferreira

25/07/2025, 9:40 h

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Cuidadores informais têm risco 51% maior de depressão e até 38% maior de problemas de ansiedade

Destaque Saúde Social

“Vamos Falar Sobre Autocuidado dos Cuidadores Informais”

Mais de 86% dos cuidadores informais são mulheres, e 88,3% reportam já ter experienciado exaustão emocional

 

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) apresenta o documento “Vamos Falar Sobre Autocuidado dos Cuidadores Informais”, uma publicação que reconhece e valoriza o papel essencial de mais de 1,4 milhões de pessoas que prestam cuidados diretos, não remunerados, a familiares, amigos ou vizinhos em situação de dependência. 

 

Cuidar de alguém pode ser profundamente gratificante, mas também emocional, física e socialmente exigente. Os Cuidadores informais têm risco 51% maior de depressão e até 38% maior de problemas de ansiedade. Mais de 86% dos cuidadores informais são mulheres, e 88,3% reportam já ter experienciado exaustão emocional. O documento aborda as consequências negativas que o cuidar pode ter, nomeadamente: 

  • Cansaço e fadiga, desconforto, lesões musculoesqueléticas (contraturas, dores lombares e cervicais, fraturas ósseas e hérnias, entre outras), dificuldades em dormir e descansar, capacidade diminuída de autoavaliação do estado de saúde, sistema imunológico enfraquecido, maior risco de doenças crónicas e de mortalidade. 
  • Maior vulnerabilidade e necessidade de apoio social e financeiro, oportunidades profissionais limitadas, isolamento social involuntário, menor participação em atividades comunitárias, aumento de despesas relacionadas com cuidados (e.g., medicação, consultas, tratamentos), diminuição da satisfação conjugal e agravamento de conflitos familiares. 
  • Preocupação, medo, angústia, tristeza, culpa, irritabilidade.  
  • 88,3% dos cuidadores e cuidadoras informais refere já se ter sentido num estado de exaustão emocional.  

 

 

A publicação foca-se também em diferentes contextos de cuidado: 

  • Cuidar de uma criança com cancro, marcado pelo medo e ansiedade, hipervigilância e sentimentos de culpa. 
  • Cuidar de uma criança com deficiência, com impacto na saúde mental dos pais/cuidadores, a dificuldade em aceitar a situação, eventual necessidade de se fazer o luto por uma criança que se imaginou e a preocupação com o futuro da criança. 
  • Cuidar de sobreviventes de AVC, exigindo conhecimento técnico e adaptação emocional a uma nova realidade. 
  • Cuidar de pessoas com demência, podendo sentir que cuidam de alguém que já não conhecem e que não os reconhece, sentindo exaustão devido às dificuldades de comunicação e frustração por não conseguir acalmar a pessoa. 

 

Perante este cenário, a OPP reforça: o autocuidado não é egoísmo, é uma necessidade. 
Cuidadores informais precisam de manter a sua própria saúde física e psicológica para conseguir prestar apoio continuado e de qualidade.

 

O documento fornece sugestões práticas para autocuidado

  • Atividades de lazer, entretenimento e cuidado pessoal; 
  • Atividades de convívio, partilha e pertença; 
  • Alimentação saudável, sono e exercício físico; 
  • Participação em redes de apoio, ativismo e grupos de partilha; 
  • Realizar exercícios de respiração num lugar tranquilo; 
  • Escrever um diário (journaling), de forma livre, sobre o que pensa e sente. 

 

 

 

 

Oito  em cada 10 cuidadores informais referem necessidade de apoio psicológico, mas apenas quatro em 10 o procuraram. O documento explica como os psicólogos podem ajudar em cada fase do processo — desde a adaptação, à gestão emocional, até ao luto ou ao regresso à vida ativa após o término dos cuidados. 

 

Para quem conhece alguém em situação de cuidador informal, o apoio passa por ouvir, ajudar em tarefas concretas, conhecer a pessoa cuidada e reconhecer o valor do trabalho invisível que é cuidar. 

 

A Ordem dos Psicólogos lança ainda um Policy Brief com propostas para os decisores políticos, que passam por estabelecer políticas laborais que garantam o direito à assistência da pessoa cuidada, estabelecer um período alargado de faltas justificadas, licenças de assistência sem quebra de remuneração no apoio urgente ou programado, por exemplo, um subsídio diário de assistência em situações de cuidados de curta ou média duração. 

 

A publicação está disponível gratuitamente em www.ordemdospsicologos.pt e é acompanhada de recursos úteis, checklists de autocuidado e contactos de apoio, como a Linha de Apoio Psicológico do SNS24 (808 24 24 24) e a Linha Nacional de Apoio ao Cuidador (800 24 22 52)

Pode também consultar o documento completo aqui.  

Para mais informações: Patrícia Batista * 965646667 *[email protected] 

 

Ordem dos Psicólogos Portugueses

 

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