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Gazeta Paços de Ferreira

22/09/2025, 0:00 h

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A Bolsa de Valores – parte II

Economia Opinião

LITERACIA FINANCEIRA

[Antes de mais, um conselho/sugestão: depois de ler o artigo de hoje, volte a pegar na edição do mês passado da Gazeta (onde tinha a parte I deste tema) e releia-o. Muito provavelmente, vai percebê-lo melhor, depois da ilustração de hoje.]
Vamos então continuar a falar da Bolsa e de como ela funciona.

Por Raquel Silva (Economista)

 

Assim que começar a investir, faça-o com base no princípio absolutamente elementar de diversificar o risco – “não colocar os ovos todos no mesmo cesto”. Isto significa que não se deve investir num único activo, nem num único tipo de activos. Assim como a Bolsa é ela própria um meio com que podemos diversificar a aplicação da nossa poupança (depósitos a prazo, certificados de aforro, etc, podem ser outros meios), os próprios investimentos em Bolsa devem ser também eles diversificados - vários “cestos” de investimento. Podemos e devemos investir em activos não correlacionados, ou seja, que não tenham grande ligação entre si. Vamos ao exemplo da pandemia. Imagine um investidor que tinha acções de 2 sectores diferentes (e vários usar as marcas, bem conhecidas, para facilitar): McDonald’s (restauração) e Pfizer (saúde). Na pandemia, a restauração como um todo teve um período absolutamente negro, com a obrigatoriedade de encerrarem temporariamente portas e, já depois da reabertura, a série de regras impostas para o retomar do funcionamento. Por outro lado, empresas como a Pfizer tiveram períodos de grande crescimento, principalmente com o desenvolvimento e comercialização da vacina para a Covid. Podemos falar também do Zoom (área da tecnologia), empresa que também “explodiu” e multiplicou o seu tamanho com a pandemia. Resumindo, quem tivesse acções de empresas tão diferentes como McDonald’s, Pfizer e Zoom, não sofreria tanto com a pandemia porque as subidas de valor de umas amparavam as quedas de outras (ainda que nem sempre haja assim uma relação tão linear).

 

Por fim, mas também com grande importância, deve-se averiguar todos os detalhes sobre os activos à disposição. Elementos como “o que faz a empresa, quais as suas expectativas de evolução para o negócio, que expectativas de remuneração - seja através de dividendos que a empresa possa vir a pagar ou em função daquilo que tem sido o valor histórico da cotação daquela empresa” são importantes.

 

 

 

 

Tudo isto ainda lhe parece confuso? Vamos a uma ilustração! A Bolsa de Mercados pode ser comparado a um mercado de bairro. Pense naquele mercado que há no Parque Urbano todos os Sábados de manhã, onde se vendem hortícolas e outros produtos. Lá, há o encontro entre os vendedores (os agricultores) e os clientes (incluindo-o a si). Cada produto é transacionado a um determinado preço, determinado pelo vendedor mas com base na “Lei de oferta e da procura” (imagine que estamos num ano muito bom de cebolas. Vai haver muitos agricultores a vender cebolas. A oferta aumenta, logo, o preço vai ser mais baixo. Se, por outro lado, foi um mau ano de cebolas, vai haver menos gente a vender, ou a vender em menor quantidade, logo, o preço aumenta. Assim se dá também com o Mercado de Capitais). Mas continuando… o preço é estabelecido pelo vendedor, mas tem de ser implicitamente aceite pelo comprador: se achamos barato, compramos (e talvez até em maior quantidade), se achamos caro não compramos (ou compramos menos quantidade). Comprar um determinado produto (fruta, por exemplo), também implica algum “estudo”, ainda que cada um dos compradores nem se aperceba disso: muitos de nós gostam de cheirar, “tomar o peso”, até “apalpar” os frutos. O histórico do vendedor também é importante: se já comprámos vários produtos diferentes àquele agricultor e foram sempre bons, maior confiança temos para continuar a comprar com ele.

 

Agora imagine que um Sábado de manhã vai a este mercado e compra uma dúzia de ovos caseiros; entretanto o seu telemóvel toca e, atrapalhado/a a procurá-lo na sua mala/bolso, deixa cair a dúzia de ovos e todos se partem. Será que vai pensar em nunca mais comprar ovos? Talvez pensando: “os ovos são produtos frágeis, há grande risco de eu os partir se voltar a comprar”. Será que vai pensar em nunca mais voltar ao mercado? Ou vai pensar que da próxima vez terá que ter mais cuidado? Assim é com a Bolsa: há riscos, tal como em tudo na vida. No entanto, quando algo corre mal, não devemos culpar a Bolsa: muito provavelmente fomos nós os “descuidados” e comprámos algo que desconhecemos ou sobre o qual não nos informamos bem.

 

 

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