09/10/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
Por António Bernardo Colaço (Juiz Conselheiro STJ Jubilado)
Para quem percorre o recinto da Festa, admira-se desde logo com a sua extensão, repleta de pavilhões quanto baste, abrangendo todo um Portugal com tudo o que de mais profundo, intenso e típico que lhe diz respeito - são eles, Açores, Alentejo, Algarve, Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco e Guarda, Coimbra, Leiria, Lisboa, Madeira, Porto, Santarém, Setúbal, Viana de Castelo, Vila Real e Viseu, cada qual com os seus produtos típicos e o historial da sua gente. Desconheço a área do espaço conhecido como a Quinta da Atalaia, mas o suficiente para albergar amplas instalações dedicadas a temáticas mais diversas como a imigração e emigração, o Espaço Internacional onde se encontram os pavilhões dos partidos amigos do PCP e das Ex-colónias, a Cidade de Juventude da JCP, o Espaço Ciência, o Espaço Central, o Espaço de Artes Plásticas, a Festa do Livro e do Disco, os Espaços - Mulheres, Criança, Bebé e Desporto, o Avanteatro, o setor de perdidos e achados, Postos de informação, um serviço de Apoio e Vigilância e um Posto Médico (onde por sinal, a minha companheira foi logo atendida, de uma queda, após ter sido imediatamente socorrida pelos serviços de apoio e transportada numa ambulância). Segundo foi constado o espaço da Festa cresce cada ano que passa. Com duas entradas em funcionamento, mais vias de deslocação interna se rasgaram, operando mais caixas de multibanco e 10 sanitários. Destaca-se ainda a circunstância das esplanadas dos vários serviços de refeições com a tipicidade regional correspondente apresentarem mais espaço evitando o egoísta recurso ‘à reserva do lugar’. Para não ser mais exaustivo, não deixarei de referir os diversos palcos disseminados, com intervenção de uma plêiade de artistas para o gáudio dos frequentadores da festa e à espetacular exposição dos Tabuleiros de Tomar e o Cortejo com amostra de cerca de 30 tabuleiros. As pessoas andavam descontraídas, respeitando o próximo, sem quezília nem atropelo e as crianças, caso os pais entendessem, banhavam-se num lago artificial.
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A Festa foi erigida pelo trabalho voluntário exclusivo dos militantes do Partido (à parte as infraestruturas já existentes, também sua obra). Sem por em causa o pendor político da realização, a verdade é que, no seu complexo, como aliás já foi qualificada, a Festa é o maior acontecimento cultural anual em Portugal. Desconheço que qualquer outro partido português tenha feito ou tenha capacidade para tal iniciativa nestes moldes, pelo menos nos próximos tempos.
É certo que estamos a falar de realização de um Partido, confinada a uma quinta, pese embora ampla. Esta constatação leva a indagação quanto à sua capacitação para transportar a natureza, a organização, a filosofia e a qualidade do que se atesta na Festa do Avante, a um Portugal, numa escala n vezes maior, particularmente numa altura em que se fala de défice no funcionamento do SNS, do Ensino, da Justiça, e vários outros serviços. É sabido, que vivemos numa democracia ocidental, um regime político em nada comparável com o que se passou na Rússia no ano 1917 (aliás quem o queira fazer só poderá ser de mentalidade falsária ou de má-fé). Penso que no séc. XXI, na União Europeia ser comunista não é sinónimo de defensor de uma imediata transformação da sociedade em comunista, sem previamente ter em linha de conta as conquistas democráticas e as condições concretas e reais de uma democracia ocidental.
A ver as novidades do Avante 2025 já anunciado para 5,6 e 7 de Setembro.
Lx, 09-09-2024
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