Paulo Ferreira é vice-presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, sendo responsável por vários pelouros, designadamente ambiente, desporto, associativismo, obras particulares, energia, entre outros. Para além disso é, também, Presidente do Conselho de Administração da Empresa Municipal GesPaços. Nesta entrevista, a um ano do final do mandato, o autarca faz um balanço geral da atividade municipal, bem como da situação política concelhia.
Gazeta - Estamos, praticamente, a um ano das eleições autárquicas. Que avaliação faz da governação do Executivo a que pertence?
Paulo Ferreira - Quem deverá fazer essa avaliação serão naturalmente os nossos cidadãos. Mas estou certo que os nossos munícipes não se sentem defraudados com esta Câmara, nas suas legítimas expectativas e aspirações. Hoje temos um concelho mais dinâmico e mais urbano. Temos conseguido realizar obra, desde a reparação de estradas, a pequenas intervenções diárias, um pouco por todo o concelho, até às grandes intervenções urbanísticas, muitas delas atualmente em curso. Reforçamos os apoios sociais, instituímos a oferta de refeições escolares do pré-escolar até ao 12º ano e alargamos a política de transporte escolar gratuito.
Assumimos também o serviço de recolha de lixo, aumentando a sua qualidade, ao mesmo tempo que estamos a conseguir reduzir os respetivos custos. A nova ETAR de Arreigada está concluída, encerrando assim mais de 20 anos de graves problemas ambientais.
Depois de recebermos, em 2013, uma Câmara com um prazo médio de pagamento a fornecedores superior a mil dias, hoje orgulhamo-nos de pagar a pronto.
Estes são apenas algumas, das imensas medidas instituídas por este executivo ao longo dos últimos anos e, como é sobejamente conhecido, num contexto de enormes dificuldades financeiras, fruto da pesadíssima herança que todos recebemos do anterior executivo PSD. Mas ao mesmo tempo que realizamos todo este trabalho, foi ainda possível reduzir impostos para mínimos nunca antes aplicados.
A Gazeta - O PSD acusou recentemente o Executivo Municipal de não apoiar os jovens, as associações, reclamando por isso políticas mais assertivas.
Paulo Ferreira – Infelizmente, a ambição do PSD de Paços de Ferreira de querer, a todo o custo, regressar ao poder, traduz-se numa sistemática cegueira política. Como se sabe, este Executivo Municipal, que também concede anualmente bolsas de estudo aos estudantes que frequentam o ensino superior, tem feito um fortíssimo investimento na Educação, como nunca existiu no nosso concelho. Aliás, como refere várias vezes o presidente Humberto Brito, a Educação é a base de uma sociedade evoluída. A criação de uma Academia Profissional é uma das grandes apostas atualmente em curso por parte deste executivo municipal e na qual depositamos enormes expetativas na formação futura dos nossos jovens. Por outro lado, basta ver a quantidade e qualidade das atividades culturais e desportivas desenvolvidas pelas nossas associações para se perceber a exemplar dinâmica do nosso concelho. Aliás, temos na região uma das mais amplas ofertas culturais e desportivas, bem como uma política abrangente na área da educação, de que as Atividades de Enriquecimento Curricular são disso mais um exemplo. A isenção do pagamento das taxas de licenciamento de moradias construídas por jovens até aos 35 anos de idade, tem também tido um enorme sucesso, com largas dezenas de benificiários e que demonstra bem a forma transversal como são aplicadas as nossas políticas de juventude.
Por outro lado, e ao contrário do que acontecia com o PSD, quando esteve no poder, este Executivo Municipal não dirige, não interfere e nem manda nas associações e nas instituições do concelho. Este Executivo promove políticas e incentivos que permitem às associações e instituições desenvolverem os seus próprios planos de atividades que, pelo que vemos, supera as melhores expectativas do Município. O PSD devia fazer, isso sim, um esforço para se curar da entropia e da miopia política que o tem afetado de sobremaneira nestes últimos anos.
"A AVALIAÇÃO DO MANDATOESTÁ NAS MÃOS DOS NOSSOS CONCIDADÃOS”
Gazeta - Com a nova liderança, o PSD de Paços de Ferreira começou a visitar escolas. Significa que está mais ativo?
Paulo Ferreira - Aproveito para saudar publicamente o Alexandre Costa por ter assumido a liderança do PSD e desejar que seja capaz de inverter comportamentos passados de alguns dos seus correligionários. O Partido Socialista sempre desejou ter uma oposição sólida e responsável. E devo dizer que ficamos muito contentes com essas visitas, porque o PSD ficará a conhecer melhor o trabalho que a Câmara Municipal tem feito na área da educação.
Gazeta - Falemos de Desporto. Estão prometidos vários campos sintéticos para o Concelho. É uma medida para implantar neste mandato?
Paulo Ferreira – Esse trabalho foi iniciado no mandato anterior com a instalação de pisos sintéticos em Eiriz e Sanfins e será alargado, agora, a mais quatro freguesias. Mas este é um trabalho que prosseguirá ao longo dos próximos anos, pois é fundamental dotarmos todas as nossas associações desportivas de condições dignas e modernas para a prática de desporto. Mas, paralelamente a isto, há também um forte investimento no desporto informal. Hoje grande parte da população pratica diariamente exercício físico, seja em caminhadas, seja nos vários parques urbanos e de lazer. Foi justamente por isso que a Câmara Municipal investiu em equipamentos de ginástica, instalados nos parques de Paços de Ferreira e Freamunde, e que podem ser usados gratuitamente pelas pessoas. O mesmo sucederá, já em novembro, no Circuito de Manutenção de Codessos, com a instalação de um conjunto de novos equipamentos. Foi também por isso que procedemos à limpeza das margens do Rio Ferreira e criamos condições nos parques para que as pessoas possam fazer as suas caminhadas em segurança. Foi ainda por isso que requalificamos, por completo, as piscinas exteriores de Paços de Ferreira e reforçamos os ginásios geridos pela empresa municipal Gespaços.
“ACREDITO QUE NENHUM SOCIALISTA QUER O PSD A GOVERNAR A CÂMARA”
Gazeta - A Comissão Política do Partido Socialista tem dado sinais de estar com o Executivo, mas há algumas vozes em desacordo. Quer comentar?
Paulo Ferreira - Sou dos militantes mais antigos do PS de Paços de Ferreira e dei sempre a cara, sobretudo, nos momentos difíceis, quando eram muito poucos os socialistas disponíveis para connosco defrontar o poder instalado do PSD. Mas foram também 37 anos de um PSD que se degradou de tal ordem ao ponto de deixar a Câmara no estado que todos infelizmente conhecemos. Hoje, a população não quer regressar a esse tempo. É absolutamente compreensível! Todos sabemos que um partido que nunca foi capaz de assumir os gravíssimos erros do passado, que recusa a política de refeições gratuitas a todas as nossas crianças e jovens e que escolheu a via do populismo, não oferece garantias à população. Com o PSD no poder, a nossa população voltaria a ter uma câmara desgovernada e subserviente a interesses externos. Portanto, acredito que nenhum socialista quer o PSD a governar a câmara!
Gazeta- Humberto Brito será recandidato ao último mandato?
Paulo Ferreira - Não há dúvidas quanto a isso. A saída do Presidente Humberto, sobretudo neste contexto tão difícil em que vivemos, fruto da pandemia, provocaria um vazio de liderança que, nesta altura, ninguém no Partido Socialista está à altura de preencher. Não se é líder por vocação, um líder só o é por vontade dos outros e o povo do nosso concelho confia em Humberto Brito para continuar a liderar os destinos do Concelho.
Gazeta - E a equipa que o acompanhará?
Paulo Ferreira - Isso é secundário. Caberá certamente ao próprio Humberto Brito escolher os seus pares. Parece-me normal e não vejo que assim não seja. Acresce que o perfil dos eleitos deve corresponder aos objetivos da liderança.
Gazeta - Acha que a Comissão Política do Partido Socialista estará de acordo?
Paulo Ferreira - O que eu acho mesmo é que nenhum membro do secretariado ou da Comissão Política será entrave à elaboração das listas para o Executivo, para a Assembleia Municipal ou para as Assembleias de Freguesia. Não é condição para se ser militante ativo de um partido integrar uma estrutura governativa. A ação política é muito mais abrangente do que isso. Por outro lado, há apenas 3 anos atrás, o povo do concelho deu ao PS e ao projeto liderado pelo atual Presidente Humberto Brito, a maior votação alguma vez conseguida por qualquer partido desde 1974. E sinceramente acredito que, fruto do trabalho sério e transparente, esse resultado será ampliado em setembro de 2021.
“TEMOS ESTADO NA LINHA DA FRENTE DO COMBATE A ESTA PANDEMIA”
Gazeta - O PSD de Paços de Ferreira criticou recentemente a Câmara por estar em silêncio numa fase em que os números da COVID-19 aumentaram no Concelho.
Paulo Ferreira – Silêncio da Câmara? Temos estado na linha da frente do combate a esta pandemia. Será que temos de lembrar que a Vereadora da Saúde, Filomena Silva, é Médica do Serviço Nacional de Saúde e também neste aspeto, tem feito um trabalho absolutamente notável?! Só mesmo por enviesamento e falta de decoro é que o PSD pode fazer essa afirmação. O Presidente da Câmara, Humberto Brito, tem também promovido sistemáticas reuniões com o ACES, com a Unidade Pública de Saúde, com os diretores das Escolas, Associações, Bombeiros, IPSS, Juntas de Freguesia e Forças de Segurança. Mas infelizmente, é este o PSD que parece que continuaremos a ter no Concelho: à falta de um projeto credível, o PSD transformou-se num atirador furtivo e propagandista da desgraça! Foi assim com o IMI, anunciando vezes sem conta que ele iria ser aumentado para a taxa máxima e é agora com a COVID-19.
Gazeta – Este tempo, marcado pela COVID-19, causou certamente alterações nos planos da Câmara, nomeadamente, nas empreitadas…
Paulo Ferreira – É verdade que, tal como todas as Autarquias, Paços de Ferreira sofreu com esta doença, mas é importante dizer que, graças ao profissionalismo dos nossos colaboradores, foi possível manter em funcionamento todos os serviços e dar respostas aos nossos concidadãos. Enfrentamos esta adversidade com serenidade, desde logo porque foi feito um forte investimento na desmaterialização administrativa e, portanto, o facto de muitos dos serviços estarem hoje nas plataformas digitais ajudou muito nesta fase da pandemia, sobretudo, nos primeiros meses, sem que se verificasse um excessivo acumular de trabalho.
Gazeta – Paços de Ferreira tem apresentado números muito elevados da infeção COVID-19.
Paulo Ferreira – Os últimos números são tremendamente preocupantes, pelo que temos de insistir para que os cidadãos façam também a sua parte, nomeadamente as famílias, evitando-se ajuntamentos e nunca se facilitando no cumprimento da etiqueta respiratória. Relativamente ao trabalho diário que diversas equipas da Câmara Municipal realizam no terreno, sempre em estreita colaboração com inúmeras instituições do concelho, esse continuará até ao final desta pandemia. As questões de índole social e o apoio às nossas famílias que, fruto deste contexto tão difícil que vivemos, atravessam momentos difíceis, continuarão a ter da nossa parte uma permanente atenção. A linha de solidariedade municipal é disso um dos exemplos. E como sempre dissemos, ninguém no nosso concelho ficará para trás ou desprotegido. Continuaremos sempre juntos nesta enorme batalha.